sexta-feira, 29 de abril de 2022

Os problemas enfrentados pela igreja primitiva

O livro de Atos representa o marco da igreja cristã. É através dos relatos do livro que entendemos como se deu os primeiros ajuntamentos cristãos que então se transformaram na igreja que temos hoje.

E assim como nas igrejas atuais temos dificuldades, na igreja primitiva não foi diferente. Os cristãos também enfrentavam seus dilemas, alguns dos quais eu busquei relatar nos tópicos a seguir.

Divisões entre membros: discípulos helenistas estavam contendendo com os discípulos hebreus por causa de problemas com a distribuição de alimentos às viúvas. Com sabedoria os apóstolos conseguiram resolver a situação (Atos 6:1).

Falsidades, mentiras e dissimulações: Ananias e Safira foram um casal que mentiram aos apóstolos acerca da quantia de venda de um terreno. Eles entregaram aos apóstolos um valor, alegando ser o total, quando na verdade estavam guardando um pouco para si. No fim, acabaram mortos como juízo de Deus (Atos 5:1-11).

Barganha: Simão foi um mágico que tentou comprar a autoridade do Espírito Santo que ele viu nos apóstolos. Ele agiu como alguém que acreditou que o dinheiro compraria as coisas de Deus (Atos 8:18-21).

Confrontos entre a igreja e as autoridades: por diversas vezes os discípulos tiveram que enfrentar as autoridades locais, que buscavam impedi-los de pregar a Palavra. Também hoje muitas autoridades se opõem ao cristianismo (Atos 4:1-22; 23:1-10; 25:1-12; 26:1-23).

Perseguições de religiosos: a igreja sofreu muito com as perseguições de fariseus e líderes de sinagogas judaicas. Muitas vezes a igreja é perseguida por pessoas que também se dizem de Deus, mas que na verdade só vivem uma religião (Atos 5:17-32; 8:1).

O retrato da igreja primitiva descrito em Atos é um simbolismo das coisas que a igreja deve ser. Assim como queremos o avivamento que essa igreja vivenciou, também devemos estar preparados para enfrentar as dificuldades que ela também enfrentou.


segunda-feira, 25 de abril de 2022

Os três assuntos que amedrontaram Félix

 "Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do Juízo vindouro, ficou Félix amedrontado e disse: Por agora, podes retirar-te, e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei;" Atos 24:25


Paulo foi um grande homem de Deus. Muito eloquente, discursou diante de muitas pessoas, inclusive grandes autoridades. Em um de seus discursos, ele falou perante Félix, governador da Judéia. Durante algum tempo, ele o ouviu de bom grado, mas quando Paulo dissertou acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo, ele ficou amedrontado e não quis ouvi-lo mais.

Como ocorreu com Félix, muitas coisas acerca das verdades de Deus têm nos amedrontado, e eu gostaria de abordar sobre elas e o porquê elas nos amedrontam.

A justiça de Deus: certamente de um governante esperamos atos justos, mas eles nem sempre agem assim. Muitas vezes, tendo a oportunidade de agirem com justiça, preferem os caminhos da facilidade, do oportunismo ou dos favoritismos, e ao invés de agirem justamente, atuam de forma contrária. Mas Deus não age assim. A todos ele trata com a justiça a que merecem, seja pelo bem ou pelo mal que praticam. Esse fato pode ter causado temor em Félix.

Domínio próprio: essa qualidade é intrínseca ao caráter cristão, e nos é concedida pela presença do Espírito Santo em nós. Ter domínio próprio significa ter autocontrole e não nos deixar ser dominados pela nossa própria carne. Infelizmente, o domínio próprio também é algo que assusta muitos cristãos, afinal, abrir mão de si mesmo não é um assunto tão pertinente aos dias atuais, que nos ensinam tanto sobre o "eu" em primeiro lugar. 

Juízo vindouro: esse último é o assunto que mais assusta as pessoas, principalmente os não cristãos. Quando se fala em juízo vindouro, estamos falando sobre Deus julgar todas as pessoas pelos seus atos, bons ou maus, praticados nesta Terra. Certamente se a nossa vida não está reta diante de Deus e dos homens, saber que seremos julgados nos trará temor, e foi o que aconteceu com Félix.

Na verdade, Félix aqui foi apenas um personagem para indicar o quanto temos nos atemorizado diante de assuntos dos quais deveríamos nos alegrar, e não temer. A palavra de Deus a nós deve nos trazer paz, e não medo.


quinta-feira, 21 de abril de 2022

A verdadeira expressão da adoração

 Texto de referência: Atos 16:23-26


Muito se tem questionado dentro do cristianismo sobre o que é a adoração. Apesar dessa palavra estar muito relacionada a louvores e músicas cristãs, apenas isso não a representa. Muitos personagens na Bíblia nos ensinam sobre o que é adoração, mas hoje eu gostaria de abordar acerca de dois homens, Paulo e Silas.

Em certa viagem missionária que eles faziam, eles acabaram presos por terem expulsado um espírito de adivinhação de uma jovem. Mas não apenas presos, eles foram também açoitados e covardemente amarrados a um tronco. Paulo e Silas tinham muitos motivos para ficarem tristes, desanimados e até murmurarem, mas ao invés disso, à meia-noite, na prisão, eles cantavam louvores e oravam a Deus.

Será que, se estivéssemos no lugar deles, teríamos motivação para orar ou louvar em meio a essas circunstâncias? Qual o louvor poderia ser entoado em meio àquela dor? Paulo e Silas não se calaram. Na verdade, eles não louvaram ou oraram porque estavam felizes com o que estavam passando, mas porque o coração deles estava totalmente entregue ao Senhor e um coração entregue a Deus O louvará em todo tempo, mediante qualquer situação.

Essa é a verdadeira expressão da adoração, darmos a Deus tudo de nós, mesmo que ainda não tenhamos recebido tudo o que queremos d'Ele. Mas naquele momento, a adoração encheu aquele lugar de tal forma que as cadeias que prendiam Paulo e Silas foram quebradas. Eles só saíram da prisão física no outro dia, mas isso não importa, pois a alma deles nunca esteve presa.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Por que pecamos, mesmo não querendo pecar?

Texto de referência: Romanos 7:7-25


O pecado é o grande vilão desse mundo. Quando Deus criou o primeiro homem, não havia pecado nele, mas por causa da sua desobediência às ordens de Deus, o pecado então entrou no mundo.

Desde então as pessoas peçam, e mesmo sem querer ceder ao pecado, acabam cedendo algumas vezes. É preciso entender que nem todo pecado é cometido de forma deliberada, isto é, com prazer em pecar. Muitas vezes pecamos sem querer, porque a nossa natureza é inevitavelmente carnal.

Paulo em sua carta aos Romanos aborda um pouco sobre esse assunto, ao declarar que o bem que ele queria fazer ele não fazia, mas o mal que ele não queria praticar, esse ele fazia. A sua aflição quanto a isso é tanta que ele chama a si mesmo de miserável e deseja ficar livre daquele corpo de morte.

Paulo ainda ressalta que existe uma luta da nossa carne com o nosso homem interior, onde este tem prazer na lei de Deus, enquanto aquele apenas tem prazer no pecado. De fato, existe uma guerra diária travada em nós, onde mesmo que dentro de nós não queremos pecar, muitas vezes pecamos.

O que acontece na verdade é que nós éramos carnais, vendidos à escravidão do pecado, mas Cristo fez a nossa remissão na cruz do calvário, libertando-nos das mãos do inimigo. Todavia, apesar de não sermos mais escravos do diabo, a nossa natureza continua sendo carnal, e por isso o pecado continua a habitar em nós.

Por isso é que frequentemente pecamos, ainda que não seja essa a nossa vontade. Mas isso não é motivo para desanimarmos, pois para cada pecado confessado há um perdão. Então se nós, mesmo sem querer, fizemos algo errado, podemos confessar a Deus o nosso pecado e clamar a misericórdia d'Ele. Certamente Ele irá nos perdoar e termos a nossa comunhão com Deus restaurada.



segunda-feira, 11 de abril de 2022

Simão, o homem que quis comprar a presença do Espírito Santo

 Texto de referência: Atos 8:9-21


A história da igreja primitiva traz à tona diversos personagens. Um deles se chamava Simão e vivia na região de Samaria. O relato bíblico diz que ele era um mágico que durante muitos anos iludiu diversas pessoas com suas mágicas. Todavia, quando Filipe foi até àquela região pregar o Evangelho, as pessoas se converteram e deixaram de crer no falso poder de Simão.

Até o próprio Simão abraçou a fé, foi batizado e passou a andar com Filipe, principalmente porque ele se sentia admirado com os grandes milagres que eram operados por meio dele.

Mas a principal admiração de Simão foi ao ver o batismo no Espírito Santo. Quando Pedro e João ficaram sabendo da grande conversão de Samaria, foram para lá orar pelas pessoas para que recebessem o batismo no Espírito. Ao ver isso, Simão, impressionado com o fato, ofereceu aos apóstolos dinheiro para que fosse concedido a ele também o dom de orar pelas pessoas e elas receberem o Espírito Santo.

Pedro o repreendeu severamente, e lhe disse que ele não tinha parte no ministério do Evangelho porque o coração dele não era reto diante de Deus.

Simão é a representação de muitas pessoas que temos visto hoje. Indivíduos que não tem o coração mudado, mas apenas "abraçam a fé" de forma exterior, sem transformação interior, apenas motivadas pelos sinais vistos no povo de Deus. Como não há mudança de coração, acreditam que milagres são barganhados com Deus, e vivem apenas em busca destes.

Essas pessoas não entendem que tudo o que vem de Deus é dado por graça e misericórdia, e não por mérito ou condições humanas. E por isso logo se afastam da fé, apesar de muitas serem até batizadas, pois o que nos torna salvos e participantes do Reino de Deus não é só o batismo ou uma profissão pública de fé, mas crer em Jesus e no Seu sacrifício e andar em obediência a Ele.

Não se sabe o que aconteceu com Simão, mas se ele não tiver mudado a sua postura, provavelmente logo se afastou da igreja e dos cristãos primitivos. A mudança que Deus quer de nós tem que ser algo interno, e não somente no nosso exterior.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Utilizando as armas do adversário para o nosso crescimento

"Então, o rei Asa tomou todo o Judá, e trouxeram as pedras de Ramá e a sua madeira com que Baasa a edificara; com elas edificou Asa a Geba e a Mispa." 2Crônicas 16:6


A história abaixo se passa nos tempos do rei Asa, o rei de Judá que se viu perseguido pelo exército de Baasa, rei de Israel. Nesse período, Judá e Israel estavam separados como um reino, e possuíam reis diferentes. Esses reinos estavam em guerra entre si, e o reino de Israel era visivelmente mais forte do que Judá.

Como forma de enfraquecer para a seguir derrotar o reino de Judá, Baasa ordena a construção de uma cidade chamada Ramá, que serviria como obstáculo a Judá, para que ninguém chegasse até eles. Da mesma forma, eles estariam impedidos de sair da cidade. Estando isolados, com o passar do tempo seriam derrotados.

O rei Asa, se vendo em apuros, faz uma aliança com o rei da Síria, dando os tesouros da casa do Senhor para que ele lutasse contra o reino de Israel. O rei da Síria entra em guerra contra Israel, que ao se ver ameaçado, desiste de construir Ramá e pelejar contra Judá. A aliança feita entre Asa e o rei da Síria não foi agradável ao Senhor, pois o povo de Deus deveria sempre confiar n'Ele nas suas guerras e não se submeter a alianças com povos pagãos. Apesar disso, a estratégia de Asa deu certo, e é nesse aspecto que iremos focar.

Quando Baasa desiste de construir Ramá, Asa ordena ao povo de Judá que pegassem as pedras e a madeira que estavam sendo utilizadas na construção e trouxesse para o território de Judá. Com esses materiais, Asa construiu duas cidades (ou povoados) denominados Geba e Mispa.

No final dessa história, aquilo que os adversários de Judá utilizaram para derrotá-los acabaram sendo usados para aumentar o território de Judá. Da mesma forma, muitas vezes somos atacados pelo inimigo. Cercados por ele, muitas vezes pensamos em desistir. Mas ao invés de nós desesperar, temos que crer que aquilo que o inimigo trama para nos derrotar, será usado pelo Senhor para nos fazer crescer.

O apóstolo Paulo foi preso diversas vezes, mas ele enxergava a prisão não como uma forma de calar a sua voz, mas uma ferramenta para evangelizar a população carcerária. Até mesmo reis ouviram a Palavra de Deus por meio de Paulo na prisão. Nós não estamos desamparados nesta Terra. O Senhor batalha por cada um de nós, e por esse motivo, aquilo que vem do inimigo para nos destruir será a ferramenta usada por Deus para nos fazer crescer.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Uma igreja que cresce mesmo em meio às perseguições

 "Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria. Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra."  Atos 8:1‭,4


Quando Jesus ressuscitou Ele disse aos seus apóstolos que ficassem em Jerusalém até receberem o Espírito Santo, mas pouco antes de ser assunto aos céus, Ele ordenou também a eles que fossem a todas as nações pregando o Evangelho.

Dentre as aproximadamente quinhentas pessoas que estavam no momento da ascensão de Jesus, apenas cento e vinte perseveraram em oração no cenáculo e receberam o Espírito Santo. A partir daí vemos o início da igreja primitiva. Era tudo lindo, a presença de Jesus muito forte entre eles, milagres e sinais sendo operados, mas apenas no âmbito de Jerusalém.

Após a morte de Estevão (Atos 7:59-60), levantou-se uma grande perseguição à igreja e os primeiros cristãos acabaram sendo dispersos para várias cidades da Judéia e Samaria. Naqueles lugares eles continuaram a pregar o Evangelho, que cresceu muito nesses lugares. A partir de então, o Evangelho começou a alcançar outros lugares, e nunca mais parou.

O "Ide" de Jesus estava se cumprindo, mas tudo só começou porque houve uma perseguição contra a igreja em Jerusalém, o que obrigou os cristãos a saírem de lá.

O propósito daquela perseguição era acabar com o Evangelho, mas Deus fez com que, aquilo que o inimigo tramou para destruir o povo de Deus fizesse ele crescer ainda mais.

Se nós enfrentamos perseguições, é tempo de colocarmos os nossos olhos em Deus e não desistirmos de fazer a Sua obra, pois a recompensa logo virá. Podemos sim ver crescimento em meio às perseguições, inclusive é nesses momentos que mais enxergamos o trabalhar do Senhor por nós. Aquilo que o inimigo tramar para nos enfraquecer, são os instrumentos que Deus usará para nos fazer mais fortes.


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Quando o sofrimento é para manifestar as obras de Deus

"Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus." João 9:1‭-‬3


Quando as pessoas enfrentam problemas, temos a mania de procurarmos o motivo que originou os problemas. Como somos inclinados a julgar as pessoas, em grande parte das vezes procuramos algum pecado para justificar o sofrimento.

Mas por meio de um milagre operado, Jesus nos ensina que nem sempre o sofrimento advém do pecado ou de escolhas erradas. Muitas vezes, ele acontece para se manifestarem as obras de Deus.

Um cego de nascença estava em certo lugar, provavelmente pedindo esmolas, como ele fazia diariamente, quando Jesus e seus discípulos o viram. Os amigos de Jesus logo lhe questionaram qual pecado ele ou seus pais haviam cometido para ele nascer assim. Jesus então responde que a sua cegueira não estava relacionada ao pecado, mas era uma oportunidade para Deus manifestar as obras d'Ele.

Não é relatado que o cego tenha pedido a Jesus a cura, mas Ele toma a iniciativa de cuspir na terra, fazer uma pequena lama, passar nos olhos do cego e mandá-lo se lavar no tanque de Siloé. Após o cego lavar seus olhos, ele passou a enxergar, para surpresa de todos.

Muitas lições podem ser extraídas desse episódio, mas eu gostaria de ressaltar o fato de Jesus ter dito que aquela enfermidade não era em decorrência do pecado, mas para manifestação das obras de Deus. Quando a história daquele homem foi escrita, o Senhor já sabia que ele ficaria cego, mas que seria curado.

Muitas vidas provavelmente se renderam ao Senhor através do testemunho daquele homem. Da mesma forma, as nossas aflições não vêm para nossa vergonha, mas para nos fazer buscar a bênção, até que, quando a encontrarmos, sejamos testemunho às demais pessoas que passam pelos mesmos problemas.